Veracel Celulose

Plantando Sonhos e colhendo desenvolvimento sustentável

A mandioca, produto tipicamente brasileiro, vem gerando bons frutos para a comunidade de União Baiana, no município de Itagimirim.

????????A mandioca é produto tipicamente brasileiro e é presença garantida no prato do nordestino. Conhecida como mandioca, macaxeira ou aipim, este produto tem gerado bons frutos para a comunidade de União Baiana, município de Itagimirim, no sul da Bahia, a 600 km de Salvador. Em um projeto de agricultura familiar, organizados em associação, os moradores deste local viram a chance de mudar sua realidade. Esta solução social foi batizada como Projeto Roça do Povo.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agricultura familiar corresponde a 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do País, emprega mais de 80% da mão de obra no setor rural e é responsável por 70% dos alimentos produzidos no Brasil. Na Bahia, sua importância é ainda maior. Atualmente, a Bahia é o estado que possui o maior número de agricultores familiares do Brasil. São mais de 660 mil empreendimentos familiares, correspondendo a 83% do feijão, 76% dos suínos, 60% de aves, 52% da produção de leite e 91% da produção de mandioca de todo o estado.

PARCERIAS FIZERAM OPORTUNIDADE BROTAR DA TERRA 
“A vida aqui era muito difícil. Muitos queriam trabalhar, mas não tinha trabalho. Trabalho desde os 10 anos de idade. E durante 42 anos trabalhei na mesma propriedade, aí os donos morreram e os filhos deles não quiseram que eu continuasse lá. Hoje sou aposentado, mas só estou conseguindo colocar as coisas na minha casa graças a esse projeto”, conta o agricultor João Cardoso de Deus, morador da comunidade.

O tubérculo, com significativas propriedades nutricionais, tem sido o principal combustível para transformar União Baiana. Há cerca de cinco anos, alguns moradores desta comunidade iniciaram o Projeto Roça do Povo, com objetivo de gerar renda através do plantio de mandioca. Mas o negócio deu tão certo que tem se tornado a principal fonte de renda de toda a comunidade.

“Nossa vida melhorou bastante. Só não trabalha quem não quer. Além do trabalho na roça, tem o transporte da mandioca, a produção da farinha, da goma e até a produção de biscoitos. Mudou muito, antes não tinha tantas opções de trabalho”, conta o também agricultor Sebastião Jesus dos Santos.

A partir de uma parceria entre Veracel Celulose, Governo do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal e Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS), o projeto Roça do Povo abriga cerca de 80 famílias. Antes, a comunidade produzia mandioca apenas para subsistência. Hoje, já comercializam seus produtos para toda região. “Este projeto é maravilhoso. Ele é a mãe do povo de União Baiana. Por onde a gente olha, a gente vê que as pessoas estão mais felizes, as mulheres estão independentes por conta do trabalho e os homens também estão mais dignos”, frisa a agente de saúde e voluntária do projeto, Marlúcia Martins.

Por intermédio da Associação de Pequenos Produtores Rurais de União Baiana, entidade que representa o Roça do Povo, este agricultores tem recebido assistência técnica e apoio institucional de órgãos estaduais e federais, como a Companhia de Desenvolvimento Regional (CAR), a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e o Banco do Nordeste.

“Em 2012, fomos contemplados com a construção de uma agroindústria para a fabricação de fécula de goma. Participamos de inúmeros cursos de qualificação e treinamento com o objetivo de profissionalizar a nossa produção. Então, os benefícios são inúmeros, mas tudo isso veio de muito suor e trabalho”, explica o policial militar e líder comunitário do projeto, Agnevaldo Cardoso Rodrigues, que desde 2007, vem atuando voluntariamente no projeto e responde como presidente da associação.

“Somos a maior produtora e a de melhor qualidade na produção de fécula e farinha da região, obedecendo a normas ambientais e de higiene”, destaca Cardoso. Por meio de parcerias, um trator e um caminhão também poderão ser incorporados ao empreendimento comunitário.

A FORÇA QUE UNE E FAZ PRODUZIR
No distrito de União Baiana, acredita-se que a força que une e faz produzir. O espírito de coletividade desta comunidade foi potencializado pela metodologia das Redes Sociais da Veracel, em 2007. Aquela capacitação foi importante para o desenvolvimento de projetos de inclusão produtiva, além de abrir um canal de relacionamento entre a Veracel e a comunidade, fortaleceu as lideranças locais e estimulou o protagonismo comunitário.

Durante um ano, profissionais de diversas áreas do município compuseram voluntariamente a Rede de Desenvolvimento Social de União Baiana. No processo de capacitação e do diagnóstico baseado em ativos do próprio do município, o melhor caminho apontado naquela época, para gerar trabalho e renda para a comunidade, seria por meio da implantação de um sistema de produção coletiva de mandioca.

A Rede de União Baiana identificou o potencial econômico da comunidade e apresentou o projeto a empresa. Para o voluntário do projeto Agnevaldo Cardoso Rodrigues, as mudanças começaram a partir daí. “Nossa Rede contou com voluntários de diversas áreas de nossa comunidade. Tínhamos profissionais de saúde, professores, agricultores, comerciantes e muitas outras pessoas buscando as melhores alternativas para promover melhorias sociais e econômicas daqui. Sabíamos do nosso potencial, mas foi a partir dessa organização que vimos no plantio de mandioca a chance de mudança. Percebemos que sozinhos, nós não somos nada. Mas juntos, somos muito mais fortes e juntos podemos mais”, se entusiasma ao lembrar do começo.

A consagração destas atividades veio em 2011, quando o Policial Militar e líder comunitário do projeto, Agnevaldo Cardoso Rodrigues, foi premiado no programa Servidor Cidadão do Governo do Estado da Bahia.  A iniciativa premia ações de cidadania realizadas voluntariamente por servidores públicos estaduais. Agnevaldo concorreu com outros 110 servidores de todo o estado, e foi contemplado com o 4º lugar. “Fiquei muito feliz com o resultado. É a primeira vez que participo, mas o melhor resultado para mim foi dar mais visibilidade para a comunidade de União Baiana”, frisou Rodrigues.

MANDIOCA: UMA RECEITA DE SUCESSO

Toda a mandioca produzida, além de ter parte vendida in natura, é beneficiada pelos próprios moradores da comunidade, gerando derivados como biscoitos, goma e farinha. “Nós aproveitamos tudo da mandioca, não desperdiçamos nada. Eu faço os biscoitos e vendo tudo. Tem dias que faço 40 sacos e não sobra nada”, conta Alessandra Avelino da Cruz, que além de trabalhar na Casa de Farinha da Associação, produz biscoitos para aumentar a renda da família.

Cada ciclo de produção tem gerado bons rendimentos para os produtores e para o mercado local. Desde a última safra, já foram mais de 15 mil reais em mandioca vendida, 800 mil quilos utilizados na produção de farinha e de goma. São mais de duas mil sacas de farinha produzida e vendida, possibilitando um rendimento de aproximadamente 120 mil reais.  Em apenas um ciclo de produção, foram mais de 300 sacos de fécula de mandioca, somando mais de 50 mil reais aos ganhos. Numa esfera global, cada ciclo de produção – do plantio até a venda do produto beneficiado –, tem rendido para estes agricultores um montante que gira em torno dos 260 mil reais.
“Se você me perguntar, hoje, qual é o nosso futuro, sinceramente, eu não sei lhe dizer. Tínhamos uma meta inicial que era a produção da mandioca, na qual, conseguimos alcançar com maestria. Mas este produto nos dá inúmeras possibilidades e uma gigantesca gama de vertentes que podem ser seguidas. No início, apenas plantávamos mandioca. Hoje, já fazemos farinha, fécula e diversos outros produtos à base da mandioca. Ela é o nosso ouro. E acho que o céu, já não é mais o nosso limite!”, comenta confiante o voluntário do projeto, Agnevaldo Cardoso Rodrigues.

Ele explica que toda esta confiança vem do trabalho e do comprometimento de todos os participantes do projeto. E o que antes era apenas um plantio de mandioca para a subsistência, ganhou força e passou a atender novos mercados locais e regionais.
Desde o início do projeto, os benefícios para esta comunidade foram inúmeros. Vão desde uma melhoria significativa na renda destes agricultores, até uma mudança na autoestima deles. “Nossa comunidade melhorou 100%, tem gente que não tinha nada dentro de casa e hoje, graças ao projeto, tem”, conta a agricultora Telma da Cruz, ressaltando ainda que além dela, seus dois irmãos estão trabalhando com a produção de mandioca dentro do Roça do Povo.

POLÍTICAS PÚBLICAS TRAZEM NOVOS RECURSOS
Em fevereiro de 2013, o projeto foi contemplado entre as seis iniciativas locais selecionadas no primeiro edital de apoio a empreendimentos econômicos solidários e da agricultura familiar na região para receber a instalação de uma Agroindústria Simplificada. Esse benefício faz parte do Pacto para o Desenvolvimento da Costa do Descobrimento, fruto de uma parceria entre o Governo do Estado da Bahia e da Veracel Celulose.

Com esta perspectiva, será possível agregar mais valor aos derivados da farinha e da fécula, tais como bolos, biscoitos e doces. Além de garantir o empacotamento por meio de processo adequado de higienização e qualidade. “Estes equipamentos vão viabilizar a produção em escala e a autonomia da nossa produção”, revela Rodrigues.

A HISTÓRIA DE UM FUTURO PROMISSOR
O projeto Roça do Povo iniciou suas atividades em 2008, em uma área de 80 hectares, cedidas em regime de comodato pela Veracel Celulose à associação dos Pequenos Proprietários Rurais de União Baiana e contou com a parceria da Prefeitura Municipal de Itagimirim, EBDA e Banco do Nordeste.

O projeto, proposto pela comunidade através das Redes Sociais da Veracel, começou com 54 famílias e hoje já atende a 76 famílias.  E com o trato da terra, plantio, colheita e produção de farinha e fécula, mesmo empregando boa parte da família, o agricultor também contrata outros moradores locais para a realização das atividades. E, em regime de empreitadas ou diárias, isso possibilita um ano inteiro de trabalhos e geração de renda. “Cerca de 320 pessoas estão sendo beneficiadas diretamente por esse projeto. Essa parceria entre a empresa e a associação fez com que mudasse muito as condições de vida na nossa comunidade. O projeto não gerou trabalho apenas para os agricultores, gerou para a comunidade em geral”, confirma o agricultor Aderbal dos Santos Souza.

Segundo seu Aderbal, cada agricultor contrata, em média, 10 a 12 pessoas da comunidade na época da colheita da mandioca. “Organizamos a produção de modo que a casa de farinha nunca fique sem mandioca, portanto tem trabalho direto”, completa o agricultor.

A partir de 2009, o processo de beneficiamento da mandioca passou a ser uma realidade e a Casa de Farinha que foi reinaugurada graças à parceria entre a Associação dos Pequenos Proprietários Rurais de União Baiana, Veracel Celulose e Prefeitura Municipal de Itagimirim, passou a funcionar a pleno vapor. Mas, em 2011, buscando maior qualidade para os produtos fabricados por estes moradores, a Casa de Farinha passou por uma nova reforma. “A produção de mandioca aumentou e a estrutura da casa já não estava mais atendendo a demanda”, contou a voluntária do projeto Luciene da Silva Souza.

Nesta última reforma o local foi totalmente modernizado. Foram implantados novos equipamentos mecanizados, para auxiliar no beneficiamento do produto, novas instalações como uma copa para os trabalhadores, depósito, forro de gesso, novo sistema hidráulico, coifas e revestimento de tijolos refratários no forno e tratamento da manipueira preservando o meio ambiente. “O revestimento do forno nos possibilita uma grande economia de lenha. A ideia é tornar este projeto cada vez mais sustentável”, explica Agnevaldo Cardoso.

Desde o início das atividades, o projeto Roça do Povo passou por grandes melhorias. Outra conquista da comunidade, através da Associação, foi o plantio de quatro hectares de eucalipto para atender a demanda de madeira da farinheira. As mudas foram cedidas pela Veracel e os agricultores participaram de um Dia de Campo, quando foi realizado o plantio inicial de meio hectare e aprenderam os tratos culturais. Em cinco anos, toda a lenha queimada no processo produtivo será oriunda de madeira plantada, tornando a farinheira autosuficiente e ambientalmente correta.

Aliando sustentabilidade ao bom gerenciamento das atividades, o projeto Roça do Povo é o orgulho deste município. E pode ser considerado um importante exemplo de parceria entre empresa privada, órgãos públicos e sociedade, que tem dado certo.

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