Novas iniciativas em Educação Ambiental

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ONGs, secretarias de educação e iniciativa privada buscam capacitação de professores para a Educação Ambiental no Extremo Sul da Bahia

5YNHjOFH5X“Uma educação para a harmonia e não apenas o ensino em si, resultando em um esforço concentrado entre a escola, família, governo e sociedade. Ou ainda, a recuperação das virtudes, valores e o sentido correto da ética em sua etimologia: ethos, a morada do ser, incluindo todas as formas de vida”, assim o médico-veterinário Lélio Costa e Silva, consultor em educação ambiental, define Educação Ambiental. Dentro desta perspectiva, foi criado um novo projeto pedagógico para o Programa de Educação Ambiental da Veracel (PEAV), destinado a atender as comunidades da área de influência da empresa, capacitando professores da rede pública para trabalhar esta disciplina transversal nas escolas. A primeira etapa de implantação do novo projeto de educação ambiental da Veracel foi lançada no dia 12 de novembro, na Reserva Participar do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, com a realização do Seminário Introdutório sobre o Programa de Educação Ambiental 2011, direcionado à representantes de organizações não governamentais (ONG) da região. A consultoria preparou as entidades locais para a participação do edital que definirá quais ONG regionais serão as executoras do PEAV no próximo ano, valorizando o trabalho já desenvolvidos por estas organizações junto às comunidades no Extremo Sul da Bahia. O PEAV já existe há 4 anos, anteriormente se chamada Programa de Educação Ambiental Corporativa (Peacor), desenvolvido em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizado Rural (Senar/BA), que já beneficiou mais de 206 professores nos 4 anos iniciais. A partir de uma avaliação realizada em 2009, foram identificadas oportunidades de ampliar e aprimorar a metodologia usada.. O seminário foi o ponto de partida para esta nova fase. Durante o seminário, foi reforçado o conceito de que o ser humano, o bicho, a planta, a terra, o fogo, a água e o ar se entrelaçam numa teia de interdependência. “Para trabalhar a educação ambiental não precisamos ser ‘ambientalistas’ ou especialistas com diplomas e outros atributos. Basta o cidadão ter consciência da sua condição e perceber que é possível sonhar e projetar possíveis transformações no ambiente em que vive”, ressalta Silva. A educadora Márcia Archer, da ONG Movimento de Defesa de Porto Seguro (MDPS) disse que o superou sua expectativa. “Fui surpreendida por várias idéias”, disse Márcia destacando a importância do ser humano se inserir na natureza de forma responsável e mudar seu comportamento. Outras trinta e cinco pessoas, representando entidades locais, participaram do Seminário.


Equívocos – o seminário trouxe ainda destaque sobre os equívocos cometidos nas práticas educativas. “É necessário reconhecer que a Educação Ambiental não é uma disciplina específica e sim multi, inter e transdisciplinar. Não é uma mera aula de ciências, nem atributo apenas do professor de biologia. Esse raciocínio fragmentado ainda persiste. Muito comum também no exercício da educação ambiental é o uso de frases feitas. A mais comum delas é que “devemos preservar a natureza para as gerações futuras? Ora, pelo menos há cerca de 40 anos temos ouvido algumas pessoas transferindo a responsabilidade para os que virão. Como ficam os do tempo presente?”, questionou o consultor da Árvore da Vida.
A questão transdisciplinar foi ressaltada também pela diretora de ensino da Secretaria Municipal de Santa Cruz Cabrália, Maria Angelica Lyrio, que justificou a adesão do município ao programa. “Estaremos aprendendo e ampliando no espaço mais apropriado que é a sala de aula. Espero que nossos educadores possam ser provocados e consigam colocar na ação pedagógico prática”, disse Lyrio reforçando ainda que o assunto deveria ser tratado por todas as disciplinas.  As etapas seguintes de implantação do projeto serão os seminários de capacitação com os educadores dos municípios de Santa Cruz Cabrália e de Belmonte, a serem realizados em novembro e em dezembro, respectivamente, e a exposição de Educação Ambiental que será montada na RPPN Estação Veracel e no TMB. “A idéia é fazer do PEAV um ativo da comunidade. Um programa de ação ambiental de todos nós”,  frisou Ligia Mendes, bióloga da Estação Veracel e também gestora do programa. De acordo com Virginia Camargos, coordenadora do PEAV, será feita também a ampliação do atendimento para os professores da zona urbana dos municípios contemplados pelo programa. Até 2009, apenas os professores da zona rural faziam parte do trabalho, sendo 200 professores de 40 escolas do Extremo Sul da Bahia. Os dois primeiros municípios a serem beneficiados pelo PEAV são os municípios de Belmonte e de Santa Cruz Cabrália, onde 250 e 326 professores da rede pública dos municípios, respectivamente, serão atendidos, por meio de convênios com as Secretarias de Educação. Os professores destes municípios contarão com a estrutura da RPPN Estação Veracel, no caso de Santa Cruz Cabrália, e com o Terminal Marítimo de Belmonte (TMB), no caso do município de Belmonte, que também tem espaço destinado para as atividades de Educação Ambiental.

Estação Veracel é pólo de ações de preservação e educação ambiental
A RPPN Estação Veracel é uma das seis Áreas de Alto Valor de Conservação da Veracel, com 6.069 hectares de mata nativa preservados, entre os municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. A área foi reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) pelo Ibama, ou seja, é uma área particular perpetuada com o objetivo de conservar a biodiversidade e promover a educação ambiental. Além de ser uma das maiores reservas particulares de Mata Atlântica do Brasil, se destaca entre as 20 áreas de maior diversidade de espécies de árvores do mundo, recebendo o reconhecimento de Sítio do Patrimônio Mundial Natural, pela Unesco.
Até o momento, já foram catalogadas 445 espécies de animais vertebrados, das quais 37 ameaçadas de extinção e 54 endêmicas do sul da Bahia. Está em curso ainda um projeto de monitoramento de mamíferos de médio e grande porte, desenvolvido desde 2007, em parceria com a Conservação Internacional (CI Brasil) e o Instituto Dríades.

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