A harpia hospedada no harpiário da RPPN Estação Veracel está nos últimos preparativos para retornar à natureza.
De acordo com o biólogo da Associação Brasileira de Falcoeiros e Preservação de Aves de Rapina (ABFPAR), Jorge Sales, este procedimento tem por objetivo promover a adaptação do animal ao uso do equipamento antes da soltura. “Possivelmente estamos trabalhando com os últimos indivíduos de harpia na Mata Atlântica. Conseguir monitorar esta ave através deste transmissor e poder acompanhar todas as movimentações dela pela Mata Atlântica nos dará inúmeras possibilidades de estudos. Poderemos acompanhar todo o deslocamento dela e saber como ela está reagindo ao processo de reintegração à natureza”, explicou o biólogo.
O projeto Harpia na Mata Atlântica atua desde 1997 e, neste período, esta já é a terceira ave que passa pelo processo de reabilitação. O monitoramento destas aves em vida livre é feito, semanalmente, por meio da telemetria (rádio VHF), e pelos pontos detectados pelo sinal de GPS. É possível acompanhar toda a movimentação das aves, bem como o seu comportamento após a soltura. “Considerada um importante bioindicador de sustentabilidade, a harpia é um animal que está no topo da cadeia alimentar e a sua presença aqui na Mata Atlântica é garantia de que outras espécies de animais estão vivendo de forma harmônica e sustentável nesta região”, comentou Lígia Mendes, especialista em RPPN e Educação Ambiental da Veracel.
Tecnologia a favor da preservação – Com quatro câmeras de vigilância dentro do harpiário possibilitam um monitoramento 24 horas por dia da ave em reabilitação. Trazida ao projeto após ter sido encontrada por moradores debilitada e machucada, este recinto especial torna possível o acompanhamento dos pesquisadores sem contato direto com o bicho. Isto evita a interação entre ser humano e ave, ampliando a possibilidade de sucesso no processo de reabilitação e reintegração deste animal à natureza.
“O mínimo de contato com seres humanos e o isolamento visual e auditivo deste animal é de fundamental importância para a manutenção de seus hábitos selvagens”, destacou o engenheiro ambiental da SOS Falconiformes, Eduardo Pio Carvalho, enquanto observava a ave pelo monitor. Este diferencial do recinto mantido pela Veracel agregou valor à condição do pesquisador e oferece melhores registros do período de recuperação desta espécie tão rara.
A iniciativa – O Projeto Harpia na Mata Atlântica é uma iniciativa voltada para a pesquisa, reabilitação, reintegração, e conservação da população de harpias de vida livre que habitam as matas dos fragmentos florestais da RPPN Estação Veracel, da CEPLAC e do PARNA Pau-Brasil, no Sul da Bahia. Graças ao apoio da Veracel Celulose, em parceria com a INPA, INPE, IBAMA, ICMBIO, CIPPA, SOS Falconiformes, ABFPAR e CRAX, o projeto vem possibilitando a inclusão destas aves no Programa de Conservação do Gavião-real, e a reintegração com sucesso destes animais à natureza.