Águia rara e ameaçada de extinção é registrada na região

Um registro fotográfico feito em um dos remanescentes de Mata Atlântica existente na região comprovou a presença da águia da espécie Morphnus guianensis, conhecida como Uiraçu-falso. O único registro anterior da águia na Bahia havia sido feito há quase 200 anos, pelo naturalista alemão Maximilian zu Wied-Neuwied, em Itororó.

O registro recente foi feito pelo pesquisador Rodrigo Costa Araújo, biólogo do Instituto Primatas para a Conservação da Biodiversidade, em uma das áreas de Alto Valor de Conservação da Veracel Celulose. O pesquisador estava na Bahia coordenando e executando a reintrodução de micos-leões-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) que foram trazidos do Rio de Janeiro para serem devolvidos ao seu habitat natural, quando avistou o Uiraçu-falso.

De acordo com Araújo, essa águia está praticamente extinta na Mata Atlântica. “É sem dúvida um registro fantástico para o Estado da Bahia e para o bioma, pois a espécie está praticamente extinta fora da Amazônia. Por isso, é também um registro muito importante para a espécie”, destacou o pesquisador, salientando que a informação sobre a biologia dessa espécie é escassa.

 

Importância da preservação dos remanescentes de Mata Atlântica – O registro do Uiraçu-falso foi feito em uma das seis áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC) mantidas pela Veracel Celulose. Entre elas, a Estação Veracel, que foi reconhecida em 1998 como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) pelo IBAMA.

As AAVC são locais com características ambientais e/ou sociais de caráter excepcional ou de importância crítica. Para ser considerada uma AAVC, a área natural deve apresentar pelo menos um dos seguintes atributos: concentração de biodiversidade, áreas extensas (paisagem), ecossistemas raros, serviços ambientais e identidade cultural.

O pesquisador Rodrigo Costa Araújo destaca que a Mata Atlântica é um hotspot mundial para conservação da biodiversidade. Salienta, ainda, que é um bioma com alto número de espécies e uma grande quantidade delas só ocorre nessa floresta, reduzida a apenas 12% do que já foi um dia. Para o pesquisador, ao manter fragmentos de Mata Atlântica no Sul da Bahia, a Veracel contribui de forma concreta para a conservação a curto-prazo de várias espécies ameaçadas e exclusivas dessa região.  “A alta diversidade de espécies vegetais e o bom estado de conservação da floresta no fragmento onde fiz o registro, já justificaria sem dúvida a proteção e a conservação da área. Soma-se o registro da águia e de quatro espécies de primatas exclusivas do Sul da Bahia – micos-leões-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas, macacos-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), guigós (Callicebus melanochir) e saguis (Callithrix kuhlii) – e o que a Veracel tem é um patrimônio incalculável de diversidade biológica. É louvável a atuação da empresa para a conservação das espécies que sobrevivem neste fragmento”, concluiu Araújo