Projeto de monitoramento de onça pintada, apoiado pela RPPN Estação Veracel em parceria com o Parque Nacional do Pau Brasil, revela a presença de outros animais ameaçados de extinção no Sul da Bahia.
Na semana das comemorações do Dia Mundial da Floresta, 21 de março, a Veracel celebra a data com resultados de um monitoramento inovador realizado com 82 câmeras fotográficas no Sul da Bahia. O estudo confirmou o registro de cinco espécies de animais dentro da RPPN Estação Veracel (EVC), que ainda não haviam sido catalogados para a área. São eles: Irara (Eira Barbara), gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus), mão pelada (Procyon cancrivorus), tapiti (Sylvilagus brasilienses) e ouriço-cacheiro (Coendou cf. insidiosus). São espécies que ainda não haviam sido registradas por vídeo nem por avistamento. “O monitoramento registrou ao todo 27 espécies de animais na EVC de diferentes portes, um sinal de que o remanescente florestal ainda guarda uma boa diversidade de mamíferos, pois eles são, na sua maioria, vítimas de caça”, diz Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP) e responsável pela pesquisa realizada na RPPN Estação Veracel e no Parque Nacional do Pau Brasil, parceiro do projeto.
Apesar de o monitoramento ser em função da onça pintada – que não apareceu frente às câmeras instaladas pelo CENAP na primeira campanha do monitoramento, a grande supresa ficou por conta da presença do gato-do-mato-pequeno, que está no livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, na categoria vulnerável. “Os resultados ainda não são conclusivos, mas apontam a importância do fragmento para manutenção da biodiversidade existente na floresta da RPPN. São dados de muita relevância para a conservação da onça pintada, um sinal de que a floresta está em equilíbrio”, comemora Virginia Camargos, bióloga e coordenadora da Estação Veracel. Para ela, o monitoramento em parceria com o Parque Nacional do Pau Brasil trará novos subsídios para a concretização do corredor ecológico entre a reserva e o parque. “Trabalhamos para fortalecer a conexão do corredor da reserva da Estação Veracel com o Parque Nacional do Pau-Brasil, conectando mais de 30 mil hectares de Mata Atlântica”.
O levantamento do CENAP nas duas áreas é o primeiro de uma série de campanhas de monitoramento da onça pintada, animal registrado pelas câmeras em 2017, na Estação Veracel. “Há mais de 20 anos não havia registro da onça pintada na região da Mata Atlântica no Sul da Bahia. O objetivo dos pesquisadores é o monitoramento e conservação da espécie, garantindo assim a manutenção de um ambiente propício a um animal topo de cadeia alimentar”, explica Virginia. Mesmo sem o flagrante da onça pintada, ao todo, nove espécies ameaçadas na Bahia foram registradas pelas câmeras: a anta, o macaco-prego-de-crista, o guigó, o gato-do-mato-pequeno, a queixada, o gato-maracajá, a jaguatirica, a onça-parda e o gato-mourisco, sendo que os cinco primeiros fazem parte da lista vermelha das espécies ameaçadas mundialmente, segundo a lista da IUCN – International Union for Conservation of Nature.
Os resultados da primeira campanha foram apresentados em um workshop no CENAP, ao lado de outros estudos realizados na Mata Atlântica, também com foco na região do Sul da Bahia. O evento resultou na elaboração da Carta de Atibaia, documento que prevê a criação de uma rede de pesquisa e conservação da Mata Atlântica do Sul da BA, cujo objetivo é dar visibilidade para a Mata Atlântica considerada um dos hotspot mundial de biodiversidade com alto grau de endemismo. O termo de compromisso foi entregue ao Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por pesquisadores do ICMBio, ressaltando a necessidade de compreender os processos de transformação do território e, através deste, propor estratégias de conservação mais eficientes e factíveis, adequadas a realidade e necessárias para proteger este imenso patrimônio socioambiental.
Sobre a Veracel
Instalada em Eunápolis, desde 1991, a Veracel é um empreendimento agroindustrial que integra operações florestais, industriais e de logística. A capacidade de produção da empresa é da ordem de 1,1 milhão de toneladas de celulose branqueada de eucalipto por ano. A atual configuração da base florestal da Veracel mantém um hectare protegido ambientalmente para cada hectare de plantio de eucalipto.